segunda-feira, 16 de junho de 2014

Atuações Intensas


Ontem assisti a um filme que me deixou sem chão, La vie d'Adèle ou Azul é a Cor Mais Quente, como foi traduzido por aqui. Os filmes franceses por si só já tem um quê de diferente dos filmes norte americanos, o enredo, a direção, fotografia e a própria língua já são diferenciais. Tendo sempre a associar bons filmes a dramas. Difícil outro gênero conseguir se elevar à condição máxima da arte como o drama. Acredito que nem exista um conceito sobre o que seria "a condição máxima da arte", mas acredito que possa ser algo de muito intenso, que possa ser vivenciado tanto ao assistir um filme como este ou qualquer tipo de experiência ímpar com algum grande gênio da literatura, filosofia, psicanálise, teatro ou música.


É verdade também que Woody Allen em seus filmes consegue também surpreender de forma ímpar com seus roteiros, direção, etc. A atuação das atrizes principais, Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, é fantástica e intensa, de uma forma que nunca vi atrizes atuando desta forma. Não sou nenhum crítico de cinema, nem muito menos devorador de filmes ou conhecedor profundo sobre o assunto, mas sei quando algo foge do normal. E no desenrolar da história e das cenas, me pegava pensando o tempo todo em como o filme foi rodado. Quem é este diretor? Como foi dirigir um filme deste? Como uma atriz tão nova (20 anos) é capaz de atuar desta maneira?

O filme contém cenas de sexo real, mas os questionamentos levantados por mim não são por causa do sexo. Porém, as cenas de sexo são impressionantes e muito reais. Tão intensas quanto o filme todo. O sexo, o relacionamento, o drama, a angústia, são quase que um salto no escuro (sem nenhuma referência a Kierkegaard).


O filme também trás referência a arte, filosofia e literatura. Em vários momentos surgem diálogos sobre diferentes escolas de arte, existencialismo sartreano, assim como as aulas de literatura de Adèle. Arte, filosofia, literatura e língua francesa combinam perfeitamente e o filme merece ser visto bebendo um bom vinho tinto.

Ainda ando lendo sobre as atrizes pela internet e sobre o diretor. Virei fã de carteirinha do trio. Li também algumas críticas quanto a nudez das atrizes e um possível arrependimento do diretor, conforme consta no wikipedia. Não sei se me soa como jogada de marketing para chamar mais atenção para o filme ou se ele mesmo se arrependeu de alguma coisa. Existem filmes que apelam para uma ou outra cena de nudez ou acabam abusando da nudez para vender mais. O filme sem as cenas eróticas seria ainda sim muito bom, porém, com as cenas, faz o filme ser três vezes melhor. Não pela nudez em si, mas pela nudez que o diretor mostra. Acredito que muita gente possa discordar de mim ou até mesmo chamar de abuso, mas aquilo é arte da forma mais bela.

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