quarta-feira, 28 de maio de 2014

Max Cavalera - My Bloody Roots



Ler a biografia de um artista que você conhece bem é muito interessante. Na verdade, acabei descobrindo que conheço apenas 50% de seu trabalho, mas Max Cavalera sempre foi sinônimo da época clássica do Sepultura. Ler sua biografia me deu vontade de escutar todos os discos novamente e escutar os que ainda não conheço. O Sepultura apesar de ainda continuar na ativa, morreu pra mim em 1996 quando Max saiu. O Derick Green não chega e nunca chegou aos pés de Max.

Me lembro exatamente quando ouvi Sepultura pela primeira vez em 1992. O álbum era Bestial Devastation/Morbid Visions. Aquilo era extremamente pesado pra mim que era um moleque, mas algo ali me chamou atenção. Meus pais, na época não gostaram nada quando apareci com uma fita cassete gravada com aqueles dois discos. Gostava de ouvir na garagem de casa no último volume, principalmente a introdução de Bestial Devastation com aquela voz demoníaca. É um disco extremamente cru. São os primórdios do thrash metal brasileiro, algo que era praticamente inédito no país. Acho que levei mais de 10 anos para entender o disco.

Não é entender o que é dito no álbum, mas "pescar" a essência da coisa. Não consigo ver isso em nenhum outro estilo que não seja o rock. Sabe um disco ou uma banda que você ouve pela primeira vez e não curte, mas que em uma outra oportunidade aquilo faz todo um sentido diferente e você se torna fã? Já passei por isso várias vezes dentro do rock e algumas bandas levei anos para a ficha cair. Quando moleque também conheci o Slayer, uma outra banda de thrash, que eu ouvia. Acha muito rápido e técnico, mas não gostava como gostava de outras bandas. Levei muitos anos pra entender o Slayer e hoje sou muito fã. É uma das poucas bandas que ainda quero ver ao vivo e não tive a oportunidade.

Voltando ao Max, é um livro pra quem curte/curtiu o Sepultura ou se interessa em saber da vida do Max, de sua saída da banda e sua carreira solo. O livro é escrito de forma informal, como se você imaginasse o próprio Max te contando suas histórias pessoalmente. E confesso que em algumas vezes isso soa de forma meio juvenil. É óbvio que o cara não é nenhum Shopenhauer.

A história dos primórdios do Sepultura e o que está por trás do peso dos primeiros discos é bem interessante. O Sepultura, assim como o Slayer e outras bandas de metal fizeram álbums com letras pesadas, anticristãs e até satanistas no início de carreira. Quando eu era mais novo aquilo me incomodava de certo modo, pois não fazia parte da minha filosofia de vida. Hoje não estou nem aí. Curto bastante os primeiros discos, mas sempre questionei o por quê daquelas letras. Sempre foi sabido que o rock tem sua veia teatral e bebemos sempre na fonta da contracultura. O Sepultura e o Slayer nunca foram bandas de Black Metal e a evolução das bandas na década de 90 deixa isso bem claro. Max é um cara religioso, assim como Tom Araya - para uma certa decepção minha. Max explica de forma interessante a origem das letras pesadas dos primeiros álbums, quase que de forma freudiana.

A evolução da banda também é fantástica. É verdade que quando escutamos um álbum nem sempre temos ideia do que esta por trás das ideias que deram origem aquele trabalho. A descrição da gravação de Roots também é sensacional. Estive no último show daquela turnê no Brasil. Foi um show memorável em 1996, para ficar registrado na memória para sempre. O livro também aborda a fase solo de Max no Soulfly, Nailbomb, Cavalera Conspiracy, dentre outros. Depois de conhecer melhor estes projetos através do livro, pretendo me debruçar melhor para ouvi-los.

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