terça-feira, 15 de julho de 2014

Foucault na Cult

 

Foucault é um dos meus filósofos favoritos e um dossiê na Revista Cult é sempre bem vindo. É interessante como a Cult consegue resgatar um pouco da história da filosofia clássica no seu dossiê. É possível ler algumas histórias da visita de Foucault ao Brasil na década de 60 e 70 e sua passagem pela USP, PUC-RJ/SP e outras faculdades.

Tive a oportunidade de visitar a USP 2 vezes. Uma em um congresso e outra numa reunião estudantil. A segunda visita foi bem melhor, porque o lugar respira história e tive contato com vários estudantes de lá. Saber que Foucault esteve por ali ou que ali tiveram os Centros Acadêmicos mais resistentes do período da ditadura faz da USP uma universidade diferenciada.

Foucault antes de tudo era um intelectual engajado. Coisa rara hoje em dia. Sempre gostei disso, de ser um intelectual orgânico. Alguém que esteja sempre antenado com o que acontece na cidade, no país ou no mundo. Nunca fechado aos livros, mas podendo aprender deles e a questionar as coisas. Sempre questionei a finalidade de se especializar em apenas uma coisa e não participar de forma política das decisões da cidade, do estado, do país. Não estou me referindo ao voto. Ainda tem gente que acha que votando vai mudar alguma coisa. Me refiro as pessoas que mesmo gostando de ler, continuam estúpidas. Nem todo mundo com ensino superior ou doutorado é culto. Nem todo mundo que lê muitos livros de auto ajuda ou best-sellers é culto. E nem todo mundo quer ser culto ou se importa em ser culto. Mas gostar de ler, ter títulos acadêmicos e não ser culto é quase uma burrice. E os que são cultos e são reacionários por opção? Esses são lamentáveis e renderia um dossiê na Cult pra (tentar) explicar o que se passa.

Foucault, assim como Sartre sempre foram referências pra mim do papel do intelectual na sociedade. Alguns textos do dossiê procuram esmiuçar epistemologicamente o pensamento de Foucault. Confesso que não tenho uma leitura profunda destas questões, mas são sempre interessantes de saber que algo além do normal existe ali. Os filósofos franceses da década de 60 e 70, em sua maioria, ainda constituem um grande campo pouco explorado por mim.

Tem uma matéria também interessante sobre Claudio Willer e os Beatniks. Claudio Willler foi um dos primeiros divulgadores sobre o movimento literário beat. Como fã de Kerouac e Ginsberg, me parece leitura obrigatória.

Logo no início da revista, tem uma entrevista com a Barbara Cassin, que também não conhecia. Ela é uma filósofa francesa contemporânea que trabalha bastante com os filósofos pré-socráticos. Pra quem tende a voltar os olhos sempre aos filósofos mais atuais, a entrevista abre um vasto leque de quanta coisa interessante existe dos primórdios da filosofia e de textos que são essenciais, inclusive para Psicanálise. A filósofa tem também vários trabalhos com Alain Badiou.

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